domingo, 14 de dezembro de 2008

Introdução

Segundo Milton Santos o território só se torna uma categoria de análise quando o consideramos como território utilizado. “A partir desse ponto de vista, quando quisermos definir qualquer pedaço do território, devemos levar em conta a interdependência e a inseparabilidade entre a materialidade, que inclui a natureza, e o seu uso, que inclui a ação humana, isto é o trabalho e a política” (M. Santos, 2001). Em cada temporalidade histórica o território é usado de forma particular que obedecem a princípios gerais, como história particular e a história geral, o comportamento do Estado e da nação, etc.
A partir da noção de que é possível - e revelador para o desenvolvimento do conhecimento histórico - uma análise das sociedades a partir da sua dialética com o território, a proposta do plano de aula é discutir o processo de formação do espaço geográfico da cidade de Contagem (MG), que foi importante “cenário” de conhecidas paralisações operários no ano de 1968. Procuraremos responder de que maneira a formação do espaço dessa região possibilitou a divisão territorial do trabalho e influenciou “a capacidade de agir das pessoas” (M. Santos, 2001) que estavam envolvidas nesses movimentos grevistas.
Acreditamos, com Milton Santos, que as tentativas de compreensão das sociedades devem considerar a questão espacial. Em verdade, esse pressuposto procura relativizar um topoi da modernidade, segundo o qual deve existir um campo do conhecimento que estude o espaço e seus objetos, e outro que discuta apenas os sujeitos. Essa visão de mundo – onde as partes são privilegiadas em detrimento da totalidade - empobrece a construção do conhecimento dentro e fora da sala de aula. Por isso, o Plano de Aula que a seguir será exposto tem uma proposta interdisciplinar na medida em que desconsidera essa divisão. Assim, ele pode ser utilizado integralmente nas disciplinas de geografia e história
A partir da concepção de território desenvolvida pelo geógrafo Milton Santos propomos interpretar os movimentos grevistas de 1968 que aconteceram em Contagem-MG tendo em vista a formação territorial da região. Como o desenvolvimento técnico e sua objetivação legaram a região metropolitana de Belo Horizonte uma configuração socioespacial particular? Como a cidade de Contagem tornou-se um espaço de concentração de indústrias ao longo do século XX? O que isso tem haver com o processo mundial de desenvolvimento da técnica? E principalmente como o homem ao interagir com o meio onde trabalha, mora, caminha, etc., constrói, também, representações sobre ele? Resumindo, se em cada momento histórico a utilização do território produz uma determinada divisão territorial do trabalho, esta última “cria uma hierarquia entre lugares e, segundo a sua distribuição espacial, redefine a capacidade de agir de pessoas, firmas e instituições.” (M. Santos, 1997) Contudo, se o espaço existe em relação a uma divisão territorial do trabalho específica, este mesmo espaço é resultado de formas herdadas de divisões do trabalho anteriores. Assim, o que modifica essas formas adquiridas são as significações que o homem atribui aos espaços nos quais vivem. E aqui encontramos novamente o fio-condutor da nossa proposta, a saber, o espaço como resultado da inseparabilidade da natureza e da ação humana.
Grupo: Weslley, Augusto e Sérgio.

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